O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é provavelmente a prova mais longa e diferente que você já fez. Dois domingos seguidos, 180 questões, uma redação (muitas vezes polêmica) e textos que parecem infinitos.
A gente até começa respondendo tudo certinho, lendo os textos com calma e fazendo os cálculos com atenção. Mas no final, as grandezas se tornam inversamente proporcionais e parece que quanto menos tempo sobra, mais questões parecem estar sem resposta. É nessa hora que a gente só manda pra deus e chuta tudo no gabarito, certo? Errado.
Você pode ter uma técnica de chute infalível, muita sorte ou apenas ser desprendido, mas esqueça disso no Enem: ele sabe quando você está chutando – e você “perde” na nota por isso. Ficou com medo? A gente te explica!
O cálculo da nota do Enem é baseado na TRI (Teoria de Resposta ao Item), que consiste num conjunto de modelos estatísticos que qualifica o item (cada questão) de acordo com três parâmetros:
- poder de discriminação: capacidade da questão de diferenciar os alunos em relação à dificuldade da questão;
- grau de dificuldade;
- possibilidade de acerto ao acaso.
As questões da prova são divididas por níveis de dificuldade, que vão de fáceis a difíceis. A TRI analisa as respostas do aluno: se constata que ele errou muitas perguntas da categoria “fácil” e acertou muitas perguntas da categoria “difícil”, considera o fato estatisticamente improvável e deduz que ele chutou. Quando isso ocorre, a questão considerada chutada passa a valer menos porque parece ser incoerente com o padrão de respostas da prova e a média do aluno que chutou cai.
Como é possível perceber, a nota final do exame não é formada apenas à quantidade de questões acertadas, mas também ao grau de dificuldade das questões acertadas e à consistência geral de suas respostas.
Mas então, vale a pena chutar?
“A melhor dica que podemos dar aos alunos que estão se preparando para o Enem é focar nas questões que eles sabem responder e não chutar! Na realidade, se tem uma prova em que o chute é a pior opção, é essa. Os alunos precisam compreender que no Enem não importa quantos acertos você tem, mas sim quais acertos”, é a dica de Caio Carvalho, gerente de operações do Missão Universitário.
No entanto, é preciso deixar claro que não vale a pena deixar questões em branco por medo da TRI. Para Renan Garcia Miranda, diretor pedagógico do Anglo Vestibulares, a recomendação é a seguinte: “se achar uma questão difícil, pule e faça depois. Se depois não der tempo, você deve chutar. Uma questão ou outra que você não saiba vai influenciar muito pouco na sua nota final”, afirma Renan.
Se não souber de jeito nenhum uma questão, ou se o tempo da prova estiver acabando, o chute será a única opção. Sim, ele pode ser detectado e causar a diminuição da nota, mas vale muito mais um acerto casual do que uma resposta em branco.
Como resolver a prova
1 – Comece pelas questões que você sabe
“Nossa primeira recomendação é que o aluno se prepare para o exame e, na hora da prova, selecione todas aquelas questões que ele tem mais certeza para responder, ou seja, aquelas que tem mais chances de acerto. Após respondê-las, aí sim, ele deve se concentrar naquelas em que teve dificuldades/dúvidas e tentar resolvê-las da melhor maneira possível”, orienta Carvalho.
Ao responder as questões que você domina, você garante duas coisas importantes: os pontos e a coerência nas respostas. Mas cuidado! Não caia na besteira de ler todas as questões de uma vez para analisar se são fáceis ou difíceis. Isso apenas roubará seu tempo de prova.
2 – Não banque o adivinho
Também não adianta dissecar o Enem em busca das perguntas que garantem mais nota. Além de perder tempo valioso da prova, não é possível saber quais perguntas são realmente as difíceis.
3 – De olho no tempo, pero no mucho
No Enem, utilizar bem o tempo é muito importante por conta da grande quantidade de leituras e questões. Para lidar bem com ele, é importante respeitar a média de 3 minutos por questão. Ou, se preferir, pense que a cada meia hora você tem que responder 10 questões.
Mas atenção: não fique neurótico olhando no relógio ao fim de cada pergunta respondida. Isso acaba atrapalhando a concentração e desperdiçando tempo, ao invés de ganhá-lo.
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