terça-feira, 21 de agosto de 2012


Novo currículo do ensino médio deve ser inspirado no Enem

Péssimo desempenho no Ideb reacende discussão no Ministério da Educação sobre necessidade urgente de reestruturação curricular

Conteúdo do ensino médio deve ser organizado em quatro grandes grupos
Conteúdo do ensino médio deve ser organizado em quatro grandes grupos (Thinkstock)
O estado crítico do ensino médio brasileiro, conforme comprovaram os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb, divulgados na última terça-feira, fizeram o Ministério da Educação (MEC) avaliar mudanças curriculares. Elas devem acontecer inspiradas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que organiza o conteúdo em quatro grandes grupos: linguagens, matemática, ciências humanas e da natureza.

Em maio de 2011, o Conselho Nacional de Educação (CNE) já havia aprovado diretrizes que possibilitam a flexibilização do currículo atual, além de permitir aos alunos de cursos noturnos estender o tempo para término dos estudos. A proposta, portanto, não é nova, mas voltou à tona após o Ideb indicar queda na pontuação de nove estados brasileiros e estagnação de outros sete.

Confrontado com os índices, o ministro Alozio Mercadante não negou: “O ensino médio continua sendo um grande desafio ao sistema educacional”. Segundo informações da Agência Brasil, na próxima semana, Mercadante já deve se reunir com secretários de educação a fim de articular os caminhos para a mudança. A próxima compra de livros didáticos para o ensino médio dará prioridade a obras organizadas nestes quatro grupos. Contudo, como o material é renovado apenas a cada três anos, a próxima remessa será apenas para 2015.

O resultado do Ideb fez reacender a discussão também sobre o Programa Ensino Médio Inovador (Proemi), lançado em 2009, que amplia a carga horária e estimula as escolas a oferecer mais disciplinas, de preferência alternativas nos campos de trabalho, ciência, cultura e tecnologia. Quase 2.000 escolas de 24 estados fazem parte do programa. Nos estados do Pará, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Piauí e São Paulo -, o programa está sendo implementado a partir deste ano - a previsão é de que haja 100% de adesão até 2014.

Reorganização – Assim como Mercadante, que disse que o “currículo sobrecarregadado não contribui para o aluno focar nas disciplinas tradicionais”, o secretário de Educação Básica do MEC, César Callegari, também criticou o que chama de “inchaço curricular”.

“O Enem é uma referência importante, ele traz novidades que têm sido bem assimiladas pelas escolas. Não estamos propondo a eliminação de disciplinas, mas a integração articulada dos componentes curriculares do ensino médio”, disse Callegari.

Espescialistas são enfáticos em dizer que a redução de disciplinas só irá agravar o problema. A reorganização, de forma integrada, seria positiva. “Se o objetivo é melhorar somente o Ideb, excluamos todas as disciplinas e deixemos apenas português e matemática, as únicas avaliadas pelo índice”, afirma Romualdo Portela de Oliveira, doutor em educação e professor da Universidade de São Paulo.(USP). “Do ponto de vista educacional, porém, isso é ridículo.”

Klinger Barbosa Alves, secretário de Educação do Espírito Santo – um dos estados em que a nota caiu – alega que o mau desempenho do seu estado e dos outros se dá pela estrutura organizacional baseada na preparação para o vestibular e com pouca atratividade para o projeto de vida do adolescente. “A visão de que o ensino médio serve para formar pessoas para ingressar na universidade não se aplica à realidade de muitos”, disse Alves, conforme informações da Agência Brasil. “Temos consciência de que os conteúdos e as habilidades que os estudantes precisam desenvolver não cabem mais em um formato estreito de três ou quatro horas de aula por dia”, acrescentou. 
(Com Agência Estado)

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