terça-feira, 9 de outubro de 2012


Alunos de medicina da Unicamp decidem boicotar exame do Cremesp

09/10/2012
Estudantes de medicina querem boicotar o Cremesp de 2012. Para alunos, avaliação que passa a ser obrigatória para formados em São Paulo é insuficiente e não contribui para qualidade do ensinoimagen-relacionada

Crédito: Shutterstock.com
Exame em 2011 : 46% dos formandos não passam em teste do Conselho em SP

Estudantes do curso de medicina da Unicamp (Universidade de Campinas) decidiram em assembleia na última semana boicotar oexame do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), que será realizado em 11 de novembro. No site do centro acadêmico há um abaixo-assinado contra a avaliação. De acordo com as informações do portal iG, os representantes do centro acadêmico alegam que a prova, que passa a ser obrigatória em 2012, não é capaz de avaliar os alunos e melhorar a qualidade doensino da medicina e da saúde brasileira.

“As 120 questões de múltipla escolha não abrangem o tamanho e a complexidade do curso médico. Do jeito como o exame é feito, acaba punindo o aluno mal formado sem dar a ele perspectiva”, afirma Henrique Sater de Andrade, aluno do último ano e representante do centro acadêmico. Para o grupo, uma avaliação nesses moldes pode criar uma cultura nas faculdades que privilegie os macetes em detrimento do conhecimento curricular. “O exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) não melhorou a qualidade dos advogados no País, só criou um funil. E aparecem cada vez mais faculdades que agem como cursinhos e preparam apenas para a prova da OAB”, diz Andrade.

O exame do Cremesp, que durante sete anos foi opcional, avalia médicos recém-formados no Estado de São Paulo. Os alunos receberão um boletim com o desempenho individual, mas a nota não é requisito para obter o registro profissional. As faculdades também irão receber o relatório de desempenho dos seus alunos, comparado com as notas médias de todos os participantes, mas será divulgado somente o resultado geral. A intenção dos alunos contrários ao exame é marcar a alternativa “B”, de boicote, em todas as alternativas.

Para Andrade, uma avaliação efetiva, segundo os alunos, deveria ser feita anualmente, contemplando também questões práticas, pela própria faculdade ou órgão credenciado. O estudante ainda critica a falta de envolvimento do Conselho em discussões com as faculdades e outros órgãos. “O Cremesp nunca se preocupou em debater a educação com outros setores como o MEC e a ABEM (Associação Brasileira de Educação Médica), que é contrária à prova”, diz.

Em contrapartida, o coordenador do Exame do Cremesp, Bráulio Luna Filho, afirma que a prova segue uma metodologia internacional aplicada com sucesso em países como os Estados Unidos da América e o Canadá. “Não estamos criando nada, a prova é baseada em questões que avaliam o raciocínio médico e a abordagem terapêutica. O que estamos verificando é se o aluno aprendeu o mínimo possível nesses seis anos de formação”.

O Cremesp defende a criação do projeto de lei 217/2004, do Senado Federal, que criaria o Exame Nacional de Habilitação para médicos, pré-requisito para o exercício da profissão. Luna Filho também não acredita que a avaliação crie um sistema superficial que favoreça o aparecimento de cursinhos preparatórios. “Não há esse risco. O que vai acontecer é as pessoas estudarem mais, inclusive pra essas provas”, diz.



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