Alagoanos conseguem cursar faculdade 40 anos depois de aprovados
Da Redação
Esta terça-feira, 29 de janeiro, foi um dia muito especial para a alagoana Margarida Dorvillé Guerra, de 58 anos, e o alagoano Raimundo Alencar, de 65. Eles conseguiram na Justiça o direito de ingressar na universidade, 40 anos depois de terem sido aprovados no vestibular de 1973.
Margarida e Raimundo passaram no vestibular para o curso de Medicina da antiga Escola de Ciências Médicas de Alagoas (Ecmal) – hoje Universidade de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) – em 1973, mas foram impedidos de cursar, sem nenhuma explicação concreta. Era o tempo da ditadura militar. Seus nomes foram retirados da lista dos matriculados. Outras duas pessoas foram colocadas no lugar deles, sem nenhuma explicação.
Segundo o advogado de dona Margarida, o seu filho Fernando Guerra Filho, a mãe foi preterida do curso em favor de outra pessoa sem qualquer justificativa, mesmo com seu nome constando na lista dos alunos aprovados, com matricula devidamente efetuada e já tendo frequentado as aulas por dois meses. O mesmo ocorreu com Raimundo.
“O nome da minha mãe simplesmente desapareceu dos registros da universidade e o de outra pessoa foi colocando no lugar”, explicou Guerra, em entrevista ao Jornal da Pajuçara Noite, da TV Pajuçara. “Isso aconteceu na época do ditadura, quando não havia direitos, regras ou parâmetros precisos e assegurados pelo regime militar para o ingresso na universidade.”
A saga de quarenta anos de Margarida e Raimundo só terminou em novembro de 2012, quando a Justiça finalmente deu ganho de causa aos dois e determinou o reingresso de Margarida e Raimundo na universidade, concretizando uma decisão inédita no país.
Nesta terça-feira pela manhã, eles foram cumprir a etapa final: fazer a matrícula na Uncisal. “Praticamente não dormi”, disse Margarida à TV Pajuçara. “É uma felicidade enorme. Estou ansiosa como uma acdadêmica que passou agora”. Raimundo Alencar também não escondia a satisfação. “É um sonho que vai se realizar”. Ele cursou Direito, interrompeu por causa dotrabalho, depois retornou e vai concluir este ano. Agora, quer cursar Medicina. “Não é fácil para uma pessoa na minha idade, mas vou tentar. A Justiça tarda mas não falha”.
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