Como foi o acidente que matou Ayrton Senna?
Uma batida violenta, na sétima volta do GP de San Marino, na Itália, em 1994, tirou a vida do tricampeão mundial de F-1. Era a terceira etapa de uma temporada que não ia nada bem para Senna. Ele ainda não havia conquistado pontos no campeonato e via um novato, Michael Schumacher, disparar com duas vitórias (o alemão viria a conquistar seu primeiro título naquela temporada). Ayrton passou os dois anos anteriores comendo poeira dos carros da Williams e, justo quando se transferiu para a equipe com o melhor veículo, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) proibiu as tecnologias que davam vantagem à escuderia azul e branca. O fim de semana do GP, disputado no circuito de Ímola, já estava carregado por causa de um acidente grave de Rubens Barrichello, nos treinos de sexta-feira, e da morte do austríaco Roland Ratzenberger no sábado. No domingo, 1º de maio, foi a vez de Senna.
DOMINGO NEGRO
O passo a passo da morte que chocou o Brasil há 19 anos
SANGUE NO ASFALTO
A pista de Ímola tinha muitas ondulações. Os carros de F-1 precisam "grudar" no asfalto e, numa superfície irregular, ficam instáveis e sujeitos a derrapar. Para complicar a situação, os veículos da Williams estavam difíceis de guiar, já que a equipe ainda estava se adaptando à proibição do uso do sistema de suspensão eletrônica
CURVA DA MORTE
A Tamburello já havia sido palco de acidentes. Em 1987, Nelson Piquet bateu no mesmo ponto a 280 km/h por causa de um pneu furado. Dois anos depois, Gerhard Berger, amigo de Senna, bateu e incendiou sua Ferrari no muro da curva. Após o acidente de Senna, a curva virou uma inofensiva chicane - sequência de curvas de baixa velocidade
RODA MURCHA
Uma teoria culpa os pneus. Na primeira volta da corrida, os pilotos tiveram de dirigir devagar por causa de um acidente. Com isso, os pneus esfriaram e perderam 25% da pressão. O carro ficou 5 mm mais baixo, o que pode ter desestabilizado a aerodinâmica. Isso teria causado a perda de aderência da Williams com a pista
FORA DE CONTROLE
A explicação mais famosa é a de que a coluna de direção, que liga o volante às rodas da frente, quebrou. Senna pediu aos engenheiros que aumentassem o tamanho da peça em 1,8 cm para que o volante ficasse mais próximo dele. Segundo a Justiça italiana, a solda de um pedaço extra de metal teria sido mal feita e causado a quebra da coluna
(SEM) FIO DA MEADA
Os sistemas eletrônicos do carro enviam dados de performance a computadores da equipe. É a chamada telemetria. No caso de Senna, os dados revelam que havia força sendo aplicada na coluna de direção, o que provaria que ela não quebrou antes do impacto. Também dá para saber que o piloto acionou freios e soltou o acelerador
IMPACTO PROFUNDO
O carro não estava tão rápido (216 km/h) e a batida não foi frontal - pilotos já escaparam com vida de acidentes mais violentos. A falta de sorte foi que, na batida, a roda direita ficou prensada entre o muro e o carro. Isso causou a quebra do braço da suspensão, que entrou pela viseira do capacete, perfurou o crânio e atingiu o cérebro
À ESPERA DE UM MILAGRE
A ambulância levou dois minutos para chegar ao local do acidente - tempo demorado na opinião de especialistas em segurança de corridas. Já fora do carro, Senna teve o pescoço cortado para poder respirar (traqueostomia). Após mais 15 minutos, um helicóptero levou o piloto ao hospital Maggiore, em Bolonha. Ele morreu 40 minutos após ser internado
MAIOR DE TODOS
Em 2012, a emissora britânica BBC elegeu Ayrton Senna como o melhor piloto de todos os tempos na F-1
Imagens mostram o carro de Senna soltando faíscas (indicando contato do assoalho com o solo) antes da Tamburello. Confira em abr.io/sennacrash
Além do crânio perfurado, não havia outra lesão no corpo de Senna: nenhum osso quebrado ou hematomas
Os bombeiros chegaram 20 segundos após o acidente, mas não tinham o que fazer, já que não houve incêndio
Resultados da tragédia
Acidente tornou a F-1 mais segura
CASO ENCERRADO
A Justiça italiana investigou o caso até 1997. Membros da equipe Williams, incluindo o dono, Frank Williams, foram julgados e absolvidos
CULPA DE QUEM?
O jornalista Flavio Gomes, especializado em automobilismo, explica: "Não há culpados no sentido de alguém ter sido negligente ou descuidado"
MAIS SEGURANÇA
A segurança aumentou. Hoje, as rodas são "amarradas" ao carro para não voarem, há reforços nas laterais e uma comissão de segurança da F-1
Consultoria Flavio Gomes, jornalista da ESPN Brasil e do site Warm Up
Fontes Livro The Death of Ayrton Senna, de Richard Williams; documentário Seismic Seconds: The Death of Ayrton Senna, da National geographic; e sites The Guardian, Terra Brasil, abril.com, The Independent, BBC, VEJA e FastCompany
Foto Latinstock/ Sutton Images/Cobris/Cobris (DC)
MUNDO ESTRANHO
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