quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

1º lugar em medicina na Unesp diz que estudou até em festa de família

"Comia, estudava e dormia", diz jovem de 19 anos com maior nota no curso.
Cauê Bueno ainda aguarda resultados de USP e Unifesp para optar.

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Cauê Bueno foi o 1º colocado em medicina na Unesp (Foto: Arquivo pessoal/Cauê Gasparotto Bueno)
Cauê Bueno foi o 1º colocado em medicina na
Unesp (Foto: Arquivo pessoal/Cauê Bueno)
Nesta segunda-feira (27), horas depois de descobrir ter sido o candidato mais bem colocado no vestibular de medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Cauê Gasparotto Bueno, de 19 anos, foi resolver um dos muitos compromissos que ficaram pendentes em 2013: frequentar o Curso de Formação de Condutores para tirar sua carteira de motorista. "No ano passado eu tinha que estudar e não deu tempo de tirar a carta", contou o jovem de São Paulo ao G1.
Outros aspectos da vida que Cauê afirma ter sacrificado foram namoros e família. "A pior coisa que você pode fazer nessa fase da sua vida é namorar, não dá. E fiquei meio antissocial com a família. Sempre que tinha festa, levava as coisas para estudar. Não tem o que fazer."
Com nota final 93,417, Cauê bateu todos os 19.480 candidatos inscritos na carreira de medicina da Unesp –uma concorrência de 216,4 candidatos por vaga.
Ele fez um ano de cursinho em 2013 para conquistar o sonho de estudar medicina, que nutria desde o oitavo ano do fundamental, após ficar fascinado com uma aula de anatomia. Em seu cursinho, ele tinha aulas no período integral às terças e quintas, e de quarta, sexta e sábado apenas pela manhã. Aos domingos, às vezes tinha provas. O resto das horas da semana ele gastou na sala de estudos com os colegas ou estudando sozinho em casa. O jovem não sabe exatamente quantas horas estudava por dia. "Não faço ideia. Comia, estudava e dormia. Parava às vezes para ler alguma coisa, assistir TV, mas a maior do tempo, ficava estudando", lembra.
Essa, porém, não foi sua primeira aprovação na Unesp. "Peguei a segunda chamada, mas quis fazer um ano de cursinho. Ainda estava no terceiro [ano do ensino médio], passei direto", disse o estudante, que não ligou de voltar para a sala de aula e tentar uma vaga em um curso mais perto de casa.
Ele ainda aguarda os resultados da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade de São Paulo (USP) –ele acabou não passando na primeira fase da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Mas, segundo ele, hoje, depois de já ter visitado o campus da Unesp em Botucatu, onde é oferecido o curso de medicina, Cauê não se importaria de mudar para o interior.
Depois da maratona de provas, que terminou só no início de janeiro, Cauê retomou a rotina normal e aproveitou as férias para descansar, o que inclui dormir até tarde. Às 10h, quando a Unesp divulgou o resultado nesta segunda, quem o acordou para dar a notícia de que ele havia ficado em primeiro lugar no vestibular para medicina foi sua mãe. Agora, o estudante aguarda a definição de onde irá estudar, mas já pensa em uma especialidade a seguir: a neurologia. "Acho que tanta coisa a descobrir é o que me motiva."
Leonardo Bota Rodrigues já acumulou aprovações em medicina na UFMS pelo Sisu e na Unesp (Foto: Arquivo pessoal/Leonardo Augusto Bota Rodrigues)
Leonardo Bota Rodrigues já acumulou aprovações
em medicina na UFMS pelo Sisu e na Unesp
(Foto: Arquivo pessoal/Leonardo Bota Rodrigues)
Primeiro colocado nas cotas raciais
Leonardo Augusto Bota Rodrigues, de 19 anos, também foi acordado pelo pai na manhã desta segunda para ser informado de que era um dos calouros de medicina da Unesp em 2014. Morador de Mirassol, no interior de São Paulo, Leonardo acumula também a aprovação na primeira chamada do Sistema de Seleção Unifica (Sisu) para o curso de medicina na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Mas o jovem já decidiu: vai optar pela Unesp, para ficar mais próximo da família. "Já está decidido, vou para Botucatu. Adorei a faculdade [de medicina da UFMS], achei o campus lindo, a faculdade muito boa, a cidade, Campo Grande, muito legal. Só que ela fica a 600 km da minha casa, e a Unesp fica a 300."

Com a nota final 85,447, Leonardo ficou com a primeira das cinco vagas reservadas para estudantes de escola pública que se autodenominem pretos, pardos ou indígenas. Além disso, a Unesp tem nove vagas no curso de medicina para estudantes oriundos da rede pública em geral, e 76 vagas para a ampla concorrência.
A nota de Leonardo ficou três pontos abaixo da nota mínima para a aprovação na primeira chamada dos candidatos da ampla concorrência.
O jovem chegou a cursar parte do ensino fundamental na rede privada, mas há quatro anos, no primeiro ano do ensino médio, ele passou no vestibulinho da Escola Técnica (Etec) de sua cidade e decidiu voltar à rede pública. Pesou na decisão o fato de seu irmão mais velho ter sido aprovado, na mesma época, no curso de medicina da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), e seus pais terem dificuldade de manter um filho fora do estado e outro em escola particular.
Foi o irmão quem também o ajudou, indiretamente, a decidir que carreira seguir. "Se falar que [ser médico] foi sonho desde criança é mentira. Mas foi muito do que eu ouvi meu irmão falar do dia-a-dia dele na faculdade. Até ano passado estava entre engenharia, direito e medicina", explicou Leonardo, que, assim como Cauê, já tinha conseguido uma aprovação na Unesp em 2013. Leonardo passou para engenharia, mas acabou optando definitivamente pela medicina.
No ano passado, ele se matriculou num cursinho de São José do Rio Preto, para onde viajava todos os dias para estudar. Como os estudos em casa não rendiam para ele, o truque de Leonardo era passar a maior parte do tempo no cursinho. "Ficava geralmente das 7h30 às 18h, alguns dias mais tarde, outros mais cedo. E sábado tinha simulado, em 90% dos sábados fui nao cursinho. Às vezes domingo, para o simulado do Enem", explicou.
Desde o resultado do Sisu, Leonardo agora colhe os frutos do esforço. "Meus pais estão radiantes", disse o jovem, que ainda não sabe que especialidade vai seguir, mas revelou a preferência pela ginecologia e obstetrícia para poder trazer novas vidas ao mundo.
G1

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