domingo, 1 de março de 2015

Seis fatos recentes sobre o Estado Islâmico (EI) que você precisa saber para ficar por dentro do assunto


O Estado Islâmico (EI) faz parte dos noticiários internacionais desde meados de 2014, principalmente após o anúncio da criação de um califado nas regiões conquistadas na Síria e no Iraque. Nos últimos dias, as ações do EI se intensificaram e não saíram das manchetes. Separamos os principais fatos recentes que vão ajudá-lo a entender melhor o avanço do grupo pelo mundo.

(foto: GettyImages)
(foto: GettyImages)
Para início de conversa, vale a pena darmos uma contextualização com um pequeno histórico sobre o Estado Islâmico. Mesmo para os que já sabem, fica como uma pequena revisão:
Entenda a expansão do Estado IslâmicoCom um vasto território que extrapola fronteiras, abrangendo áreas do Iraque e da Síria, ativos estimados em 2 bilhões de dólares e um contingente de 31 mil combatentes, o Estado Islâmico (EI) consolida-se como a mais poderosa organização extremista islâmica, a ponto de forçar o reengajamento militar dos EUA na região. Sua ascensão é surpreendente quando se considera que, até pouco tempo atrás, o EI era uma filial da Al Qaeda entre tantas outras atuando na Ásia e na África. Criado no Iraque em 2003, com o nome Al Qaeda no Iraque (AQI), o grupo espalhou terror contra as forças de ocupação e os xiitas, até ser praticamente aniquilado após a morte de seu comandante, Abu Musab al Zarqawi, em 2006. O grupo renasce a partir de 2010, já com um novo nome (Estado Islâmico do Iraque – EII) e outro líder. Em 2011 , os EUA encerram a controversa ocupação militar de quase nove anos na região. O vácuo de segurança criado pela retirada militar dos EUA, o clima de revolta dos sunitas com o governo pró-xiita do primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, e o caos da guerra civil na Síria criam condições para que o EII prospere. Eles então expandem suas atividades para o território sírio, onde infiltram militantes que saqueiam dinheiro e armas, além de recrutarem guerrilheiros e instalarem bases. Com o avanço para outro país, mudam de nome novamente (Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL). E, após dominar territórios do norte da Síria e do Iraque, o grupo anuncia a criação de um califado (uma referência aos antigos impérios islâmicos surgidos após a morte de Maomé, que seguiam rigorosamente a lei islâmica – sharia – dos quais o mais notório foi o Império Árabe), em junho de 2014 autodenominam-se Estado Islâmico (EI).Apesar de o EI ser condenado por todas as organizações e nações islâmicas do mundo, o anúncio do califado dá uma dimensão das ambições do grupo, que surpreende por sua organização institucional. O EI instala governos próprios sob uma versão radical da lei islâmica nas áreas ocupadas e se financia principalmente com o contrabando de petróleo e o resgate de sequestros. Também chamam a atenção os métodos brutais utilizados para submeter os povos sob seu domínio. A partir de agosto de 2014, o EI passa a usar como estratégia de terror a divulgação de vídeos de reféns sendo decapitados. As táticas de barbárie adotadas pelo grupo somadas às ameaças de genocídio sofridas pelas comunidades yazidis e curdas no Iraque levam os Estados Unidos a anunciar em setembro do ano passado a formação de uma ampla coalizão internacional para bombardear bases do EI no Oriente Médio.
(retirado do Almanaque Abril, 2015)
Explicado o contexto, vamos às notícias:
1) EUA preparam a reconquista da capital do Estado Islâmico no Iraque
No último dia 19, pela primeira vez, o Exército dos EUA detalhou sua estratégia para reconquistar Mosul, a segunda maior cidade do Iraque e agora capital do EI no país. O plano é que entre abril e maio forças militares iraquianas e curdas iniciem ataques terrestres na cidade com o apoio aéreo norte-americano e dos países ocidentais. Desde que assumiu o governo dos EUA, Obama tem privilegiado o uso de drones, tropas de elite e trabalhos de inteligência contra o terrorismo. Recuperar Mosul será decisivo para enfraquecer o domínio do EI na região, já que esse é o domínio mais importante e povoado do califado. Você deve estar se perguntando: “mas não seria melhor manter esse plano em segredo?”. Segundo um representante militar do alto escalão dos EUA que não quis se identificar ao jornal El País, o anúncio é uma forma de mostrar confiança nas forças locais. Leia mais.
2) Estado Islâmico planeja avançar para Europa
A pressa em recuperar a cidade de Mosul e enfraquecer o EI com rapidez está ligada à preocupação do avanço do grupo pelo mundo, a começar pela Europa. Segundo relatório britânico divulgado pelo portal The Telegraph, no último dia 18, o Estado Islâmico planeja avançar pela Itália usando território da Líbia, país que fica ao norte do continente africano. O plano prevê que os combatentes do EI se aproveitem da instabilidade política da Líbia para avançar até a região litorânea do Mar Mediterrâneo. Em um dos vídeos divulgados pelo grupo, um dos integrantes diz: “Nós vamos conquistar Roma com a permissão de Alá”. Uma das formas de infiltrar terroristas no solo italiano seria por meio de imigração ilegal. A ilha italiana de Lampedusa está a menos de 200 km do país e é acessada com frequência de barco por imigrantes. E não seria difícil encontrar pessoas interessadas na missão. O grupo, que faz o recrutamento de novos membros pela internet, reúne grande número de seguidores pelo mundo nas redes sociais. Leia mais.
3) Mascarado de vídeos de decapitações era de classe média e instruído 
Um dos traços marcantes do EI é o emprego de táticas extremamente bárbaras. São execuções, amputações e açoitamentos em massa, às vezes contra comunidades inteiras, e mortes coletivas por crucificação, decapitação e enforcamento. O extremista de sotaque britânico que aparece nos vídeos de decapitações do EI foi identificado por investigadores no Reino Unido como Mohammed Emwazi. Mascarado, ele vinha sendo chamado até agora de “John Jihadista”. A primeira aparição em vídeo do extremista ocorreu em agosto passado, quando ele aparentemente assassinou o jornalista americano James Foley. Neste mês, Emwazi apareceu no vídeo da decapitação do jornalista japonês Kenji Goto. Conhecidos da família de Emwazi disseram ao jornal Washington Post que ele cresceu em uma família de classe média no oeste londrino e estudou informática na Universidade de Westminster. Um especialista disse à BBC que o fato de Emwazi ser de classe média e instruído mostra que a radicalização não é motivada principalmente pela pobreza ou pela privação social. Leia mais. Essa semana outras três pessoas foram detidas em Nova York acusadas de se unir ao EI. 
4) Para financiar conflito, Estado Islâmico vende em Londres obras de arte roubadas
Além de capital humano para executar suas ações, o grupo também necessita de muito dinheiro se financiar. Foi divulgado pelo Times que uma das formas de arrecadar dinheiro é por meio da venda de obras de arte roubadas da Síria para ricaços de Londres. Esses itens vão desde moedas do Império Bizantino feitas de ouro e de prata até potes, vasos e vidros datados da época do Império Romano que, juntos, valem milhões de dólares. Essa, no entanto, não é a única fonte de renda do grupo. O Estado Islâmico ainda fatura cerca de US$ 2 mi (RS 4,95 mi) por dia com a venda de petróleo no mercado negro e com sequestros e extorções. Leia mais.
5) Estado Islâmico destrói milhares de livros raros em bibliotecas iraquianas e vídeo é divulgado pelo grupo destruindo estátuas milenares em Mosul
Aparentemente, o que o EI não vende, ele destrói e isso porque o grupo segue uma versão radical da sharia, termo árabe que significa “caminho para a fonte de água” e é um sistema de lei e/ou um código de conduta para os seguidores do Islã que deriva do Alcorão e dos ensinamentos do profeta Maomé. O vídeo da destruição de estátuas milenares que começou a circular pela internet essa semana e que teve seu conteúdo confirmado pela UNESCO, chocou muitas pessoas. Armado com grandes martelos e brocas, seguidores do Estado Islâmico (EI) em Mosul destruíram o que chamaram de “ídolos pagãos” e que arqueólogos de todo o mundo temem que sejam peças assírias e acádias. As relíquias destruídas pela facção já existiam quando Maomé, segundo a tradição, destruiu os ídolos de Meca. Mas, segundo o EI, esses artefatos não eram visíveis àquela época e foram posteriormente escavados por “adoradores do demônio”. Na semana passada o EI destruiu a biblioteca central dessa cidade, situada no norte do Iraque, 100 mil livros e de manuscritos, incluindo exemplares otomanos. Ao jornal Folha de S. Paulo, o pesquisador Barah Mikail, do think-tank europeu Fride, com base na Espanha, disse: “O Estado Islâmico quer aniquilar tudo que se refira a antigas civilizações, já que para eles tudo o que veio antes do islã é nulo”. 
GUIA DO ESTUDANTE

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