Já pensei em fazer vários cursos, cheguei a fazer jornalismo, já fiz teste vocacional e nada. Não gosto de ficar trancada em escritório, gosto de estar sempre fazendo coisas diferentes, odeio rotina e nunca encontrei nada do tipo. Gosto de fazer coisas que me agradam, não me importo com remuneração. Me ajudem!
Sua pergunta indica que você está no início do processo de escolha profissional. Tentar resolvê-lo por tentativa e erro (“arriscando” algum curso) ou apenas se apoiando em testes vocacionais não resolverá sua questão.
Testes vocacionais podem auxiliar o processo de escolha. Colaboram para identificar parcialmente como você “está sendo” (e não “como é”, já que todas as pessoas se transformam ao longo da vida); seu ponto de partida, não o de chegada; não apontam “quem você deseja ser”. E escolher é fundamentalmente poder interferir no futuro, em seu futuro. Você já fez essa reflexão, sobre quem deseja ser, que assuntos ou temas você gostaria de ter como centrais em sua vida, que tipo de relação gostaria de manter com as outras pessoas a partir de seu trabalho?
As escolhas que uma pessoa realiza envolvem diferentes fatores, como oportunidades concretas que se apresentam para sua realização e intensidade de esforços que ela quer e pode dedicar para o alcance de seus objetivos. De outra forma, a atração por determinada profissão é fundamental para o aumento da motivação, o que pode compensar remunerações não tão atraentes, bem com permitir que uma pessoa desponte nesta profissão e receba rendimentos maiores que a média de seus profissionais. No entanto o mercado de trabalho tem regras próprias, o que pode limitar as oportunidades mesmo ao profissional mais capacitado e motivado.
Outra variável central no processo de escolha é a identificação dos valores que você carrega consigo e que deseja ver efetivados em sua profissão. Tais valores variam de pessoa para pessoa; há aquelas cuja expectativa de remuneração é superior a todos os outros. Outras pessoas acentuam o envolvimento com o pensamento científico, a expressividade, o auxílio a outras pessoas, as atividades de organização e gerência.
A identificação e a “negociação” entre variáveis como as apontadas dependem de um processo reflexivo seu, de indagações que você mesma deve responder. Não é um processo simples, pois envolve riscos e perdas parciais. Por isso é um ato de coragem, necessário para promover avanços no sentido da construção de seu futuro.
Como você está no início do processo de escolha profissional, dedique-se a observar todo o universo das profissões possíveis. Comece por pesquisar a descrição de cada uma delas – você pode contar com a ajuda da publicação do Guia do Estudante para isso. Descarte aquelas que estão bem longe de seus interesses.
Avance e reflita sobre sua história pessoal no sentido de que valores vocês traz consigo, que experiências foram positivas ou trouxeram desafios que você deseja superar, que contatos com profissões você já teve e como você os avalia.
Busque então se informar sobre a história do trabalho em nossa sociedade: as variações da economia, os projetos políticos em jogo, o desenvolvimento de novas tecnologias, as formas de vínculo trabalhista que existem. Imagine os ambientes de trabalho, as rotinas, o tipo de relações com outras pessoas que as profissões estabelecem, a que objetivos sociais elas se destinam.
Escolher uma profissão é um processo complexo. Não há uma resposta simples e direta. É você que deve construir esta resposta depois de pensar sobre as questões acima expostas e sobre outras muitas (observe outras tantas respostas nesta seção deste site).
Depois de refletir sobre você mesma, sobre a realidade do trabalho em nossa sociedade e sobre as profissões (o que exige muita pesquisa), haverá um momento em que você terá que tomar um “ato de coragem”, ou seja, que assumirá os riscos inevitáveis diante do futuro. Mas serão riscos conscientes, que você correrá com mais confiança.
GUIA DO ESTUDANTE
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