quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Guerra na Síria: saiba quais são as forças envolvidas no conflito

Centenas de pessoas esperam a chegada da ajuda humanitária da ONU para receber comida em Damasco: Guerra civil na Síria já matou cerca de meio milhão de pessoas (foto: Getty Images)
Centenas de pessoas esperam a chegada da ajuda humanitária da ONU para receber comida em Damasco: Guerra civil na Síria já matou cerca de meio milhão de pessoas (foto: Getty Images)
Nesta semana, o Exército da Síria anunciou ter reconquistado a cidade de Aleppo, principal palco dos combates desta guerra civil que devasta o país desde 2011. Com a ajuda da Rússia, do Irã, do grupo xiita libanês Hezbollah e de outras milícias aliadas do regime sírio, o Exército local conseguiu derrotar as forças rebeldes que dominavam aquela que foi a maior cidade do país e seu principal centro financeiro e industrial. Uma trégua foi anunciada em 13 de dezembro, para que as tropas rebeldes e os civis deixassem Aleppo.
A guerra na Síria já deixou mais de 300 mil mortos desde 2011 e cerca de 40% da população tornaram-se refugiados internos ou externos. Para compreender o que está acontecendo neste que é o conflito mais sangrento do século XXI é preciso conhecer quais são as principais forças envolvidas nos combates:
GOVERNO SÍRIO E ALIADOS
De um lado do conflito está o regime sírio, liderado por Bashar al-Assad. Desde 1970, a família Assad comanda no país um brutal regime de partido único. Apesar de serem alauítas (uma seita muçulmana do ramo xiita), os Assad mantinham um governo laico, que separava a religião do Estado. Com o início dos protestos, os sunitas tomaram a frente na oposição ao regime, o que deu ao conflito contornos sectários. Apesar de não apoiarem o ditador, cristãos, xiitas e até parte da elite sunita preferem ver Assad no poder diante da possibilidade de ter um país tomado por extremistas.
Quanto às alianças externas, Assad conta com o apoio do Irã,  do grupo libanês Hezbollah e de milícias do Iraque, formando um “eixo xiita” no Oriente Médio. O termo se refere a uma aliança política que reúne países e organizações cujos líderes são adeptos dessa corrente do islamismo. O grupo se opõe a Israel e disputa a hegemonia no Oriente Médio com as monarquias sunitas, lideradas pela Arábia Saudita.
O principal aliado fora da região é a Rússia, que mantém uma antiga parceria com a Síria, sustentada pela base naval que os russos controlam em Tartus, no litoral sírio. Desde que a Rússia passou a intervir mais pesadamente no conflito, a partir do final de 2015, o regime de Assad obteve importantes vitórias, como a reconquista de Aleppo.
GRUPOS REBELDES
Umas das primeiras forças a mergulhar na guerra foram os grupos sunitas que lutam para derrubar a ditadura de Assad. Entre os chamados “rebeldes moderados”, que recebem esse nome por não serem adeptos do radicalismo islâmico, a maior expressão é o Exército Livre da Síria (ELS). A organização conta com o respaldo das potências ocidentais, lideradas pela Europa e EUA. Também recebem apoio da Turquia e da Arábia Saudita, principais inimigos de Assad na região. É por isso que a guerra na Síria, além de ser uma disputa interna de poder, reflete a rivalidade entre dois países-chave no Oriente Médio: Irã e Arábia Saudita.
EXTREMISTAS ISLÂMICOS
Entre os grupos que querem derrubar Assad, além dos rebeldes moderados, há facções extremistas islâmicas, que estão fragmentadas em diversos grupos. Uma das organizações que mais conquistaram terreno, principalmente nos primeiros anos do conflito, foi a Frente al-Nusra, um braço da rede extremista Al Qaeda na Síria. Posteriormente, a partir de 2013, o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) aproveitou-se da situação de caos criada pela guerra civil e, vindo do Iraque, avançou de forma avassaladora e brutal, ocupando metade do território sírio. Até ser reconquistada pelo regime de Assad, a cidade de Aleppo era dominada pela al-Nusra e pela Jeysh al Islam, também ligada à Al Qaeda.
CURDOS
Há, ainda, o que podemos chamar de uma quarta força envolvida no conflito. Trata-se dos curdos, etnia que habita territórios de Síria, Turquia, Iraque, Irã, Armênia e Azerbaidjão e reivindica a criação de um Estado próprio para o seu povo – o Curdistão. Desde o início do confito na Síria, a Unidade de Defesa Popular (YPG), uma milícia formada para defender as regiões habitadas pelos curdos no norte do país, se fortaleceu. Para o regime de Assad, a YPG tornou-se um ator bastante útil, porque a milícia é uma das principais forças de resistência tanto contra os extremistas do EI como os “moderados” do ELS.
GUIA DO ESTUDANTE

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