Charles Darwin fala sobre a teoria da evolução
euclidesdacunha | 11/05/2012
Charles Robert Darwin nasceu em 12 de fevereiro de 1809, na Inglaterra. Seu pai queria que ele seguisse a profissão dos homens da família, a Medicina. Mas o curioso estudante, que colecionava insetos e pedras quando criança, não suportou a primeira cirurgia a que assistiu. O pai sugeriu, então, que se tornasse clérigo. No entanto, logo viu o rapaz embarcar como naturalista do barco inglês Beagle, cuja missão era mapear a costa sul-americana.
Resignado, o pai acabou fazendo investimentos que permitiram ao jovem não ter que trabalhar. Assim, Darwin pôde dedicar-se a pesquisar e desenvolver teorias. E que teorias! Com a publicação de A Origem das Espécies, ele concluiu que os seres evoluem por meio da chamada “seleção natural” – em que os indivíduos que nascem mais aptos às condições do ambiente prevalecem sobre os outros e passam suas características adiante. A idéia sacudiu o pensamento da época, acostumado a ver homens e animais como fruto da criação divina.
EUCLIDES DA CUNHA – O senhor embarcou no Beagle aos 22 anos, em 1831, e viajou até 1836. A jornada forneceu a base das observações usadas para formular as teorias da evolução e da seleção natural. Mas A Origem das Espécies só foi publicado em 1859. Por quê?
CHARLES DARWIN - Você pensa que uma teoria dessas surge assim, do nada? Não bastou embarcar no Beagle, dar uma volta pelos mares e continentes afora, olhar aí uma meia dúzia de passarinhos e tartarugas, voltar e tirar o homem da confortável posição de centro do Universo e rei da criação – que a Igreja se esmerou em lustrar por tanto tempo. Precisei desenvolver minhas ideias: cataloguei o que havia coletado, continuei observando os seres em seu meio e queimei muitos, muitos neurônios.
EUCLIDES DA CUNHA – Sei… Mas sigamos: o senhor esperava que sua teoria causasse tanta balbúrdia?
CHARLES DARWIN – Lógico! Desconfiava seriamente de que o pessoal mais chegado à Igreja ia mesmo querer me pegar. E, naquela época, a teoria da criação representava muito mais que a simples ideia de que Deus criou o mundo e seus habitantes em seis dias e desde então a vida seguiu. Essa crença estava na base de quase tudo. Acreditar na evolução era coisa de ateu, revolucionário ou maluco.
EUCLIDES DA CUNHA – O que achou da reação da sociedade?
CHARLES DARWIN – Claro que a gente nunca espera se ver retratado com o corpo de um macaco, mas… Quer saber? Eu nem liguei para as caricaturas. Isso porque, antes de tornar públicas minhas ideias, pensei um bocado. Tive, inclusive, que superar minhas próprias crenças num Deus bondoso e benevolente, cuja expressão máxima seria a perfeição da criação. Conforme os anos foram se passando, uma coisa eu aprendi: o ser humano gosta de pensar que está acima dos animais, mas não é bem assim, não. Eu disse, em um dos meus livros, que “o homem ainda traz em sua estrutura física a marca indelével de sua origem primitiva”. Estou certo ou estou errado?
EUCLIDES DA CUNHA – Como foi a viagem a bordo do Beagle?
CHARLES DARWIN – Teve seus altos e baixos. Recolhi material suficiente para, depois, desenvolver uma teoria revolucionária. Por outro lado, eu enjoava que só vendo. E, hoje em dia, desconfiam que fui picado pelo barbeiro e contraí a doença de Chagas na América do Sul. Ninguém soube me curar, mas foi a viagem da minha vida.
EUCLIDES DA CUNHA – O que o senhor acha dos debates atuais entre evolucionismo e criacionismo? E da teoria do design inteligente, que afirma que há uma inteligência superior por trás da evolução?
CHARLES DARWIN - Cada um acha o que quiser. Mas é preciso que todos tenham acesso ao conhecimento acumulado pela humanidade para escolherem como preferem responder à velha pergunta: “De onde viemos?”
*Texto original de Clarissa Passos, publicado na revista Aventuras na História em julho de 2007
No related posts.
Fonte: Guia do Estudante
Nenhum comentário:
Postar um comentário