terça-feira, 14 de agosto de 2012


Nenhum país impõe obrigação desse tipo, diz professor sobre projeto de cotas


Responsável por instituir na Unicamp o sistema de bônus aos melhores alunos de escola pública na disputa por vaga, o professor Renato Pedrosa acha o projeto que reserva 50% das vagas em federais para cotas um "absurdo" e diz que ele afeta de forma "brutal" a autonomia das universidades.
Folha - O projeto pode promover justiça social?
Renato Pedrosa - Depende da instituição e seu entorno, o que é um grande problema do projeto, que passa o sarrafo comum para todas as instituições. Pode haver inclusão de pessoas, mas o número será pequeno. A maioria já tem programas de cotas e em várias delas há até mais de 50% de alunos de escolas públicas.
O direito à educação não vem antes da autonomia?
Nenhum país impõe obrigação desse tipo. Se o Estado determina que toda a população tem que ter acesso à educação, precisa agir nesse sentido. Menos de 20% dos jovens de 18 a 24 anos estão no ensino superior. Obrigar quem já tem dificuldades de se manter a resolver esse problema com medida paliativa é absurdo.
E como a universidade brasileira pode ser mais plural?
Ela já é bastante plural porque várias medidas inclusivas foram tomadas pelas instituições. O governo tinha é de incentivar mais os projetos existentes.
Mais negros em universidades diminui o preconceito?
Mais inclusão de diversas raças e origens sociais no ensino superior de qualidade é positivo. Mas como fazer bem feito? É possível um modelo que inclua sem usar só o critério de raça, que tem problemas e gera dúvidas.

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