quarta-feira, 19 de dezembro de 2012


Sistema de ensino espanhol estreia em 150 escolas

Uno Internacional, do grupo Santillana, chega à rede privada brasileira de olho no gigantesco mercado municipal de ensino

Thinkstock
(Thinkstock)
A partir do ano que vem, 150 escolas particulares do Brasil vão iniciar as aulas com um novo sistema de ensino, já presente em alguns países da América Latina. Apoiado no uso de tablet, bilinguismo, capacitação de professores e avaliações, o sistema Uno Internacional, do grupo espanhol Santillana, chega à rede privada brasileira de olho no gigantesco mercado de redes municipais de ensino.
O modelo foi desenvolvido no Brasil, mas adotado antes em outros países da região. Neste primeiro ano, estarão envolvidos 75.000 alunos da rede privada, mas três prefeituras já estão com a negociação avançada. "Temos um objetivo forte de chegar à rede pública. Para isso, o antecedente em escolas particulares é importante", diz o diretor global da Uno Internacional, Pablo Doberti.

No México, o Uno Internacional atende 130.000 alunos de 420 escolas. A ideia é chegar a 1 milhão na América Latina em quatro anos. Para começar a operar no Brasil, o Santillana investiu 22 milhões reais. Como diferencial, o sistema oferece parcerias com Apple, Discovery, Animal Planet e Unesco.
Em um país com 5.565 municípios, a rede pública é vista com muito interesse pelas empresas de sistemas de ensino. Gigante no setor, a Pearson já trabalha com 150 cidades. "No Brasil, a área pública é um dos nossos vieses mais importantes. Além da competição, inovação e profissionalização serão as batalhas", diz o superintendente de Educação Básica da Pearson, Mekler Nunes.
Pesquisa realizada pelo setor em 2011 mostrou que 44% das prefeituras paulistas adotavam algum sistema de ensino - os primeiros contratos de municípios com sistemas privados foram feitos em 1999 pelo Grupo COC, em cerca de 90 cidades. Cada município adota um sistema diferente. Alguns abandonam totalmente o uso dos livros didáticos distribuídos pelo governo federal. Outros usam as apostilas, mas mantêm os livros como complemento.
Além disso, compras e aquisições impulsionaram a disputa. Há dois anos, em uma batalha com a própria Santillana, a Abril Educação comprou o Grupo Anglo. Dias depois, a Pearson Education comprou parte do controle acionário do Sistema Educacional Brasileiro (SEB), controlador do COC, Pueri Domus, Dom Bosco e Name, em uma operação de 888 milhões de reais. Já a Kroton, dono da Rede Pitágoras, com 226.000 alunos no ensino básico, também teve 50% do controle acionário vendido para o Advent, fundo financeiro internacional.
O Uno Internacional é estruturado para o uso de projetores em vez de lousa digital, além dos tablets, com aplicativos, vídeos, jogos e textos. Segundo os coordenadores do sistema, cada escola decide quantos tablets vai comprar e se os utilizará em todas as aulas. 
Nas salas de aula, a presença do equipamento e sua aplicabilidade parece conquistar os alunos. "Com o iPad é muito mais fácil. Acho que aprendo mais, é mais divertido", explica o estudante mexicano Isaac Garrido Morales, de 10 anos. Isaac é um dos 400 alunos da escola Green Valley, em Puebla, a 130 quilômetros da Cidade do México.
Na escola Green Hills, no bairro San Jerónimo, na capital federal, o professor de espanhol Hector Avila propôs que os alunos escrevessem um poema baseado em uma música. Depois deveriam, no iPad, buscar imagens na internet que melhor representassem cada verso, musicar a composição e transformar tudo em um vídeo. O material seria encaminhado depois por e-mail para todos os colegas. "Todas as aulas mudaram, mas espanhol foi a que ficou melhor", diz Tamara Junqueira, de 14 anos, já acostumada a usar seu tablet em casa.
O professor Avila afirma que o caminho da tecnologia na sala de aula é inevitável. "É um instrumento dessa geração. Nós, professores, temos de nos adaptar a ele." O educador Paulo André Cia, diretor do Colégio Arbos, no ABC Paulista, que decidiu pela adoção do sistema, concorda. "Com a possibilidade de usar iPad, a escola consegue desenvolver uma sala com ambiente digitalizado que permite o uso de aplicativo", diz.
(Com Estadão Conteúdo)

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