domingo, 16 de dezembro de 2012


MEC esquece de aplicar Enem a estudante prejudicada

Desclassificada por um erro do MEC, aluna chegou para fazer a nova prova no dia agendado e não encontrou ninguém. Exame ficou para semana que vem

Estudantes antes do segundo dia de provas do Enem na Unip Vergueiro, em São Paulo
Estudantes antes do segundo dia de provas do Enem na Unip Vergueiro, em São Paulo - Ivan Pacheco
Desclassificada por engano do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a estudante Jacqueline Chen, de 16 anos, fará na próxima semana uma prova exclusiva montada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). O novo exame, garantido pela Justiça, deveria ter sido aplicado nas últimas quarta e quinta-feira no Dante Alighieri, colégio em que cursa o 3.º ano do ensino médio. Ao chegar à escola, Jacqueline foi surpreendida pela ausência de responsáveis. "Tinha me preparado mais uma vez, feitos exercícios e, quando cheguei lá, não havia ninguém", afirma. "Acho uma grande falta de respeito o que estão fazendo comigo."
Em novembro, a aluna foi impedida de fazer as provas do segundo dia do Enem por ter sido confundida com uma homônima de Mogi das Cruzes (SP), que fotografou o exame e divulgou a imagem em redes sociais. A Jacqueline de São Paulo foi retirada da sala por um fiscal e obrigada a assinar um "termo de eliminação". A de Mogi fez as questões sem interrupção.

O caso foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo e, no dia seguinte, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, entrou em contato com a mãe da jovem paulistana, pediu desculpas e assegurou que a aluna poderia fazer nova prova. Posteriormente, a candidata de Mogi foi eliminada do Enem.
No final de novembro, a jovem ganhou liminar que lhe deu o direito de escolher local e data em que faria as provas e a dispensava dos exames nos dias 4 e 5 de dezembro, quando o Enem é aplicado em unidades prisionais e socioeducativas. Na ocasião, a família alegou que a jovem seria prejudicada, pois a data era próxima de outros vestibulares.
Decisão judicial emitida na quarta-feira, no entanto, prorrogou o exame para o dia 20. O Inep e o consórcio responsável pelo Enem recorreram à Justiça, pedindo prazo maior. "Nossa principal preocupação é que ela faça essa prova que lhe foi tirada", diz Wu Shang Yi, mãe de Jacqueline. Documentos entregues pelo Inep à Justiça estimam um gasto de 2,3 milhões de reais para a reaplicação do exame à aluna. O MEC não se pronunciou sobre esse valor para a elaboração de um único exame.
De acordo com o MEC, Jacqueline terá o direito de fazer uma única avaliação, a que abrange questões de linguagens e códigos e de matemática, além de uma redação. A prova que a estudante fez no dia 3 de novembro deve ser computada. A estudante não está satisfeita com a possibilidade de fazer o exame no dia 20 e, por isso, seus advogados pediram na Justiça, na quinta-feira, uma retificação da data para os dias 18 e 19. Isso porque a data estipulada coincide com a formatura da jovem. "Mais uma vez, Jacqueline seria prejudicada", diz Evaristo Araujo, advogado da família.
Além dos transtornos que a eliminação já lhe causou, Jacqueline tem receio de que a falta de uma nota no Enem a prejudique em alguns vestibulares. Sua pontuação lhe garantiria pontos a mais na Unicamp e no Mackenzie, onde concorre a uma vaga no curso de Arquitetura.
Para evitar isso, o advogado da família deve entrar com ação preventiva para que a nota da estudante seja acrescida posteriormente. A família também estuda entrar com uma ação contra os órgãos responsáveis pelo Enem para uma "reparação do dano moral" causado à jovem.
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