1. Montando a régua
A nota do Enem é como uma régua, feita para medir o grau do conhecimento dos alunos. É uma régua que só tem 2 parâmetros:
O meio da régua é o número 500.
Esse número corresponde à média de acertos na prova de 2009 dos alunos do 3º ano do ensino médio. O que isso quer dizer? Que, se você tirar 500 em alguma área no próximo Enem, seu desempenho terá sido semelhante ao daqueles alunos de 2009.
Depois coloca-se na régua os intervalos de 100 pontos para baixo (400, 300 …) e para cima (600, 700 …).
Cada 100 pontos correspondem à diferença média – para cima e para baixo – do desempenho dos alunos de 2009 (isso se chama desvio de padrão).
Uma vez feita a régua, a nota pode variar em diferenças ínfimas, como 500,1 ou 489,3.
Como o desempenho médio dos alunos foi medido por área – Matemática, Ciências Humanas, Linguagens e Códigos e Ciências da Natureza -, cada uma tem sua régua.
2. Como funciona a régua
Ná régua são colocadas todas as questões, por seu grau de dificuldade. Assim, cada questão ocupa um lugar nela.
As mais fáceis ficam para baixo de 500; as médias, por volta de 500; as mais difíceis, para cima: 600, 700, 800. Durante a prova, as respostas às questões vão definindo o grau de conhecimento de cada aluno.
Por exemplo, de um aluno com grau de conhecimento 600 em Matemática, espera-se que acerte as questões abaixo de 600 e erre as que estão acima de 600.
3. A elaboração da prova
Para montar a prova, o MEC seleciona o conjunto das 45 questões de cada área. Elas têm de medir o domínio das competências, habilidades e conteúdos previstos na matriz de referência do Enem e são compostas equilibrando o grau de dificuldade das questões – fáceis, médias e difíceis. A régua, o pré-teste e o cálculo final da nota são feitos por um método chamado TRI (Teoria da Resposta ao Item).
Pré-teste: Para que cada questão seja colocada na régua, ela passa por um pré-teste antes do Enem, organizado pelo MEC. Participam escolas em todo o Brasil. Cada aluno participante do pré-teste recebe um caderno com 48 questões. Assim, são testados milhares de questões que vão integrar o banco de dados do MEC. Do conjunto de questões do banco, saem as 180 que vão compor o Enem.
Como se atribui a posição da questão na régua?
Cada questão é submetida ao pré-teste de milhares de alunos. A tabulação de seus resultados quantifica três pontos essenciais de cada questão para garantir um exame de boa qualidade:
a) Parâmetro de discriminação
É a capacidade da questão de diferenciar os alunos em relação à dificuldade da questão. Alguns erram e outros acertam. Se o acerto e o erro são aleatórios, ou todos acertam, a questão não consegue dar informações sobre os alunos e tem de ser refeita.
b) Parâmetro de dificuldade
É o parâmetro que determina a posição da questão na régua. Para que seja possível distinguir um aluno de pouco conhecimento de outro mais bem preparado, o Enem precisa ter perguntas com níveis de dificuldade diferentes.
c) Parâmetro de casualidade
Mede qual é a probabilidade de a questão ser acertada por acaso. Esse parâmetro parte da ideia de que, quanto maior é a proficiência (conhecimento) do aluno, maior a probabilidade de acerto sem chute. Mas, se seu conhecimento é pequeno e a questão é difícil, o parâmetro indica alta probabilidade se o acerto ter sido por acaso.
4. Cálculo das notas
Na nota final, calculada por computador, o Enem considera a consistência das respostas. Dois alunos com cinco questões certas em Matemática, por exemplo, podem ter notas diferentes. O que acertou as cinco mais fáceis terá uma nota maior, pois seu desempenho é coerente. O outro, que errou questões fáceis e acertou outras difíceis, terá a sua nota reduzida pelo cálculo da casualidade, ou seja, como sua proficiência foi pequena (cinco questões em 45) , a TRI entenderá o acerto nas questões difíceis como “chute” e reduzirá o valor do item certo.
5. Notas gerais
A prova do Enem fornece cinco notas, uma para cada área de conhecimento – Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Linguagens e Códigos e Matemática – e mais uma para a redação. Para o cálculo das notas das quatro áreas é usada a metodologia TRI. A nota de redação segue o sistema tradicional: a nota varia de 0 a 1000.
Por que teve gente que tirou acima de 1000 em matemática em 2015?
“Ninguém disse que as provas do Enem podiam valer só até mil pontos. Em algum momento, desde 2009 quando o MEC adotou o TRI (Teoria de Resposta ao Item) para o Enem, alguém deve ter dito isso e ficou no imaginário das pessoas. Até porque, essa nota superior a mil ainda não tinha aparecido”, comenta o professor Dalton Francisco de Andrade, do Departamento de Informática e Estatística da Universidade Federal de Santa Catarina e especialista em TRI.
Como lembrou o professor, a única prova que tem essa variação de zero a mil é a redação, a qual não usa a TRI, mas para as demais, não existe isso. Inclusive, as notas das áreas de conhecimento não são fixas, podem variar de acordo com a prova. “O máximo e o mínimo nas provas das áreas de conhecimento dependem dos tipos de questões que compões as provas, das dificuldades dessas questões, das proficiências cobradas. Não existe padrão”.
GUIA DO ESTUDANTE
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