terça-feira, 26 de junho de 2012


Mesmo com greve, alunos da Bahia terão 'aulão' para Enem

EDER LUIS SANTANA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE SALVADOR
O governo da Bahia anunciou que irá promover 384 "aulões" para estudantes do terceiro ano do ensino médio da rede pública a fim de minimizar os efeitos da greve de professores -que já dura 72 dias- no desempenho daqueles que prestarão o Enem e vestibulares no fim do ano.
Cada "aulão" reunirá de 500 a 700 alunos, durante quatro horas, e terá conteúdos das áreas de matemática, linguagens, ciências da natureza e ciências humanas.
O "Aulão Enem", como foi batizado, acontecerá em 13 bairros de Salvador e em 11 cidades do interior. Na Bahia, há 72 mil alunos no terceiro ano, sendo 22 mil deles na capital. O primeiro "aulão" será quarta-feira, na capital.
Mesmo com a greve, os alunos do terceiro ano devem voltar às aulas na segunda. O governo convocou 1.200 professores temporários e em estágio probatório (recém-convocados em concursos, em fase de avaliação) para assumir as turmas.
Os alunos assistirão aulas em 19 escolas de grande porte de Salvador, que concentrarão estudantes da região. As turmas terão, no máximo, 40 alunos, afirma o governo.
As medidas foram divulgadas ontem pelo secretário da Educação, Osvaldo Barreto. "Todos temos a obrigação de garantir a essa garotada o direito de realizar o Enem com dignidade", afirmou.
Foi anunciado também o projeto "É Bom Saber", programa sobre temas do Enem e vestibulares que será veiculado na TVE Bahia em 175 edições. Cada uma delas terá 26 minutos de duração e poderá ser revista na internet.
Para a doutora em educação pela USP Maria Ornélia Marques, o problema de projetos como o "aulão" é o modo como massificam o ensino e deixam de desenvolver o pensamento interdisciplinar -cobrado no Enem.
"'Aulões' não são eficazes, não acredito neles. Para estar preparado, o estudante precisa interagir com o professor. Ele deve aprender a relacionar o conteúdo visto em sala inclusive com a comunidade onde vive", diz.
Os alunos da Bahia completam hoje 48 dias letivos sem aula -quase um quarto dos 200 dias letivos do ano.
Antes de anunciar as medidas, o governo pediu a escolas particulares que cedessem locais para as aulas, mas não conseguiu.

Fonte: Folha de São Paulo

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