Como as enchentes e deslizamentos que acontecem no começo do ano podem cair no vestibular
Especialmente nos meses de dezembro e janeiro, é comum ocorrerem desastres naturais no Brasil, tais como enchentes e deslizamentos de terra. Os links abaixo são de matérias publicadas nas últimas semanas:
“Mas o que isso tem a ver com o vestibular?”, você talvez se pergunte. É que casos como esses revelam muito sobre a ação do homem e a ocupação irregular do solo, especialmente em centros urbanos. Além disso, também podem ser abordados em questões sobre o clima e o tipo de solo encontrados no Brasil.
As enchentes, o asfalto e o lixo acumulado
Em épocas de chuva, algumas regiões acumulam água naturalmente devido às condições do relevo, como é o caso de vales e planícies à margem de rios. Sem a interferência do homem, essa água seria simplesmente absorvida pelo solo e os rios sofreriam uma elevação controlada em seu nível.
A ocupação dessas regiões pelo homem, no entanto, transformou-as em áreas de risco. O solo das áreas verdes absorve bem a água, mas o asfalto é impermeável e se comporta como uma capa que reveste toda a cidade, impedindo a infiltração e o escoamento adequados.
Uma saída adotada para contornar esse problema é a criação de galerias pluviais, que transportam a água recolhida pelos bueiros até os rios. Mas as grandes cidades têm outro problema: o imenso volume de detritos despejados nas ruas frequentemente entope as vias de escoamento. Assim, além de impedir que a água escoe pelos bueiros, o que já causa inundação nas ruas, o lixo acumulado nas calhas dos rios diminui sua profundidade, criando o cenário ideal para enchentes ainda piores.
O deslizamento de encostas e a ocupação irregular do solo
Com o crescimento populacional (seja pelo aumento regular da população, seja por causa do êxodo rural), os centros urbanos acabam precisando se expandir. O problema é que essa expansão muitas vezes ocorre em áreas inapropriadas para receber edificações, como encostas de morros e margens de rios.
A ocupação dessas áreas quase sempre é precedida pelo desmatamento da vegetação original que as cobria, potencializando os riscos de erosão e deslizamentos de terra. Essa cobertura vegetal é necessária porque protege os solos de diferentes maneiras. As raízes formam uma espécie de rede subterrânea que ajuda na sustentação do terreno e na criação de caminhos por onde a água das chuvas pode se infiltrar – evitando, com isso, que a água escorra pela superfície de uma vez só, arrastando toda sorte de sedimentos e nutrientes do solo (num processo chamado de lixiviação).
Com o desmatamento, o solo fica extremamente fragilizado. Sem as raízes, sustentação do terreno fica reduzida e suas camadas acabam cedendo com o peso da água das chuvas. A água também altera a consistência do solo, “lubrificando” as partículas que o formam, diminuindo o atrito entre elas e facilitando seu desprendimento. A ocupação efetiva dessas áreas, com o próprio peso das casas, completa o cenário de desestabilização.
Enchentes e deslizamentos são muito comuns no verão do Sudeste brasileiro, região dominada pelo clima tropical. A característica principal desse clima é justamente a existência de verões chuvosos e invernos mais secos. Quando começa o verão, o continente se esquenta rapidamente, formando uma zona de baixa pressão, e as massas de ar do oceano trazem as chuvas.
Desabamentos e tipos “errados” de solo
Alguns terrenos são menos favoráveis para construções e fazem com que as chances de desabamentos sejam grandes. Os solos com essas características são chamados de “colapsíveis”: são arenosos, de estrutura porosa, e frequentes nos estados de Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e São Paulo.
O solo de massapé, comum no nordeste brasileiro, também é problemático. Rico em material orgânico, ele é bastante fértil e apropriado para o cultivo agrícola, mas arriscado para a construção civil. É que o massapé sofre com as alterações do clima: comprime-se no período de seca e se expande com a umidade da época de chuvas. Isso resulta em rachaduras, inclinação das casas e até desabamento, ocorrências frequentes, por exemplo, na cidade de Salvador, na Bahia, onde terrenos de massapé foram ocupados irregularmente pela população de baixa renda. As construções em locais de risco no litoral também respondem por vários casos de desabamento. As edificações irregulares roubam espaço da areia e das pedras na praia – que serviriam de obstáculo natural às ondas – e acabam desmoronando, vítimas do avanço do mar.
Como isso aparece no vestibular?
Veja abaixo como um vestibular abordou esse tema.
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