domingo, 14 de outubro de 2012


Controlar a ansiedade é um desafio para quem vai enfrentar o Enem e o vestibular. Sem saber, os pais podem estar atrapalhando a concentração dos filhos; Saiba como lidar com eles nesta fase.

Falta menos de um mês para as provas do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. Este ano, foram quase seis milhões de inscritos. E as datas dos vestibulares também já estão chegando.
Os professores, que preparam os alunos para serem aprovados na universidade, sabem que além de investir no ensino das matérias, precisam ajudá-los a resolver uma questão muito importante: controlar a ansiedade, um grande esafio para os candidatos.
Os pais também devem ter consciência para não colocar muita pressão nos filhos. Tanto a família quanto a escola cobram resultados além da medida.
A educadora Quézia Bombonatto, psicopedagoga e presidente da Associação Brasileira de Pedagogia, responde algumas questões sobre a importância do controle da ansiedade nesta reta final dos vestibulandos, e orientam pais e estudantes em como lidar com essa fase da melhor maneira.
O que os jovens pré-vestibulandos devem fazer neste momento de ansiedade para não atrapalhar a vida social, a vida em família?
Quézia: Agora estamos no final do ano. Todo o ano já deve ter tido um olhar diferenciado, porque é um ano muito sofrido, com muitas tensões, com muitas pressões. Então, nesta reta final, o vestibulando tem a pressão interna dele, sobre o quanto ele tem que dar certo, o quanto ele tem que dar conta daquele vestibular. Tem a pressão dos pais e até dos amigos, que estão torcendo, e que ele não quer decepcionar. Isto leva a um estresse. E tem alguns erros que os vestibulandos cometem, eles acham que agora é estudar,estudar, estudar, e aí esquece que precisa também de um tempo para relaxar. O que ele estudou, daqui para frente, só vai ter que rever. Não vai estar tendo mais tempo para fazer novos conhecimentos, ele está no processo de revisão. Esse processo exige dele também o controle emocional, e não basta ele ter o conteúdo se na hora este conteúdo não vem. 
Os pais têm o papel fundamental de notar os reflexos do estresse que os filhos enfrentam. Nesta fase, os vestibulandos devem relaxar, praticar algum esporte?
Quézia: Nessa fase, não é só o vestibular, a relação afetiva deles está em jogo. Eles ficam muito divididos entre a questão do vestibular e a questão dessas conquistas afetivas. Há de haver um equilíbrio. É um ano em que ele sabe que tem que abrir mão de algumas coisas, mas não pode abrir mão de um esporte, de uma noite ou de um dia para o lazer. Se ele é disciplinado, se mantém horas de sono... Não adianta passar noites estudando porque é durante o sono que a aprendizagem se sedimenta.

É muito importante para a escola a nota dos alunos no Enem. Como os estudantes devem lidar com isso?

Quézia: Existe hoje em dia a questão do ranking, que as escolas acabam até dependendo desse resultado para depois "vender" a escola. As que são melhores pontuadas acabam também sendo as mais procuradas. Existe uma pressão da escola sobre os alunos. A segurança tem a ver com a auto-estima, o quanto ele pode acreditar nele, no que ele produziu. Então, tem a questão da respiração, o quanto precisamos nos dar conta que temos que aprender a respirar melhor. E que neste momento estar atento à respiração pode ajudar nessa questão ansiolítica. Deve-se, então, inspirar em quatro tempos, contar até quatro e expirar em quatro tempos. Fazer isso umas dez vezes enquanto está estudando. Nós respiramos mal quando estamos ansiosos, fica aquela respiração mais curta, e isso vai aumentando a ansiedade. Então a respiração é algo que pode ajudar bastante nesse momento de controle da ansiedade. Massagem ajuda. Alguns entram em exercícios de ioga e pilates. O sono é muito importante e a alimentação também. Ficar comendo enquanto estuda, não pode, tem que respeitar o momento da alimentação e o do sono.  
Como os pais podem ajudar nesse momento de ansiedade e não atrapalhar o processo?

Quézia: As mudanças das narrativas da família vão ser importantes neste momento. Porque as narrativas são “Você tem que passar”, “Já investi o ano todo”, ou até pior, “Estou vendo que você não está estudando, tem que estudar mais”. E eles ficam muito angustiados com isso, porque parece que o que eles estão fazendo nunca é o bastante para a família. Ou então tem famílias que também não estão dando o devido valor a esse momento e acabam enchendo esse vestibulando com outras atividades que não estão ajudando neste momento. Tem que respeitar o ritmo desse adolescente, dar apoio, dizer que estarão ali apoiando independentemente de qualquer resultado.

Há as questões da modernidade, já que estamos na época das redes sociais, dos e-mails no celular, e isso acaba chamando a atenção do adolescente. Ele está estudando e toda hora confere o telefone. Como lidar com isso?
Quézia: Tentar evitar, porque ficam chegando mensagens o tempo todo, e eles ficam preocupados porque estão estudando com o celular do lado, e chega uma mensagem, eles ficam atentos a ela. Não precisa estudar quatro, cinco horas seguidas. O ideal é estudar uma matéria, dar uns dez minutos de descanso, onde vai trabalhar a respiração e vai ver se chegou mensagem. Depois volta e pega outra matéria. Se estudou exatas, pega uma de humanas. E ele vai podendo balancear esse momento de estudos e vai ficando mais tranquilo. O que vai dar tranquilidade é ele saber que está fazendo a parte dele. O que dá angústia é ele se sentir em falta, e se a família tem essa narrativa de que ele não está fazendo o bastante, ele também vai se sentir em falta. E ele ir para um exame achando que não fez o que deveria ter feito vai aumentar a ansiedade dele.
G1

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