quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

“É preciso fazer alunos pensarem”, diz dono de duas notas mil na redação do Enem

Duas vezes nota mil na redação do Enem, Raphael de Souza diz que visão crítica e capacidade de argumentação ajudam a escrever bom texto
Duas vezes nota mil na redação do Enem, Raphael de Souza diz que visão crítica e capacidade de argumentação ajudam a escrever bom texto
Duas vezes nota mil na redação do Enem, Raphael de Souza diz que visão crítica e capacidade de argumentação
Duas vezes nota mil na redação do Enem, Raphael de Souza diz que visão crítica e capacidade de argumentação
Candidato a uma vaga de medicina, o estudante de Niterói Raphael de Souza, de 19 anos, já ouviu muitas vezes que deveria mudar sua opção para jornalismo. O motivo é seu desempenho na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): depois de tirar 960 em 2013, ele atingiu os mil pontos em 2014 e repetiu o feito em 2015.
Para preparar bem os alunos, ele acredita que os colégios e cursos preparatórios devem ir além do ensino de normas gramaticais e modelos de texto e investir mais na formação crítica dos estudantes e em sua capacidade de argumentar.
“É importante os cursos fazerem os alunos pensarem. Não só visando à nota final, mas estimulando o raciocínio. O Enem quer ver se o aluno consegue argumentar ou não, se tem uma visão crítica e capacidade de expor com originalidade”, defende o estudante, e cita como exemplo as aulas de debate que teve em seu curso preparatório. Raphael cursou pré-vestibular nos últimos dois anos e terminou o ensino médio em um colégio particular tradicional de Niterói.
O jovem argumenta que a capacidade de raciocinar ajuda inclusive na hora de lidar com o tempo disponível para escrever o texto. Para Raphael, o candidato que estiver mais acostumado a construir um argumento vai ter mais facilidade de estruturar o texto e escolher as palavras certas com rapidez. “O aluno tem que ser estimulado a mostrar o que ele pensa e a conseguir fazer isso”.
Em sua preparação para o Enem, o estudante conta que costumava escrever ao menos uma redação por semana e pedia para que o texto fosse corrigido por monitores do curso preparatório. “Não tem outro jeito. O importante para a redação é o treino. É preciso descobrir qual está sendo o seu erro e melhorar”.
Na primeira vez em que fez o Enem, em 2012, quando ainda estava no segundo ano do ensino médio, ele tirou 640 na redação. Treinar a argumentação e a escrita foi fundamental para que esse resultado melhorasse. Outro ponto que ele destaca é o hábito da leitura: “O tempo do vestibular é muito curto e quem tem o hábito da leitura consegue montar as frases mais rapidamente”.
Preparado para a redação, Raphael luta contra o relógio para fazer todas as provas do mesmo dia. Em 2015, ele não conseguiu terminar a de matemática, o que já tinha acontecido antes. A solução foi chutar algumas questões. “Tem muita coisa que depois eu vou ver e consigo fazer, mas que na hora do nervosismo e da pressa não sai”, diz ele, que lembrou de um problema imprevisível que enfrentou no dia da prova: “Tinha um churrasco do lado do local de prova, com música alta, e um pessoal jogando futebol. Tocou de tudo”.
TEMA – Em 2015, o tema da redação do Enem foi “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. Para o campeão de notas, a escolha do assunto foi um ponto que contribuiu para seu bom desempenho e para um debate relevante. “Achei o tema ótimo. Quando abri a prova, fiquei muito feliz. É um tema ótimo de falar, e necessário para a sociedade brasileira. Uma discussão muito importante”.
Consciente do esforço que faz para se sair bem na redação, Raphael avalia que a prova é uma das mais difíceis do exame para quem não teve acesso à educação de qualidade nem a cursos preparatórios. “É a nota que para muita gente pega mais, porque envolve muito treino, e é uma parte pesada. A gente sabe que na realidade do nosso país nem todo mundo tem o preparo que merece e deveria ter”, lamenta ele, que é a favor de cotas para ingresso na universidade.
Mesmo com o bom resultado de seus textos, nas últimas tentativas, o estudante não conseguiu nota suficiente para garantir vaga em umas das três universidades federais fluminenses que oferecem o curso de medicina: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Neste ano, com uma média geral maior, ele espera conseguir a aprovação: “Estou esperançoso”.
Fonte: Agência Brasil

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